O Movimento Sem Terra de Luta (MSTL) denuncia o projeto do prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), de vender 38 terrenos públicos. Desde que assumiu o comando do Paço Municipal, em 2017, Morando já vendeu 12 terrenos, que integravam o patrimônio do município. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Bernardo tem a quinta maior receita do Estado de São Paulo e é a 16° maior economia do Brasil. Portanto, a questão orçamentária não se enquadra como justificativa para que o prefeito se desfaça dos lotes da cidade.
Atendendo aos interesses do mercado imobiliário, Morando vendeu a sede da Secretaria de Serviços Urbanos, na Avenida Caminho do Mar, no bairro Rudge Ramos, para a Construtora Patriani, que arrematou a área de 24,8 mil metros quadrados por apenas R$ 102,5 milhões. Outros terrenos, que estão sendo rifados por preços passíveis de questionamentos (abaixo do valor de mercado) e a prazo, são a sede da Secretaria de Educação, no bairro Nova Petrópolis, e o antigo centro de educação do trânsito, na Avenida Kennedy, no bairro Jardim do Mar.
Para tentar reverter a entrega do patrimônio público para à iniciativa privada, o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) moveu uma ação popular contra o pacote de venda de terrenos públicos de Orlando Morando. O deputado destaca que as áreas estão sendo vendidas no crediário, o que comprova que não há a necessidade de caixa. O processo pede o acompanhamento do Ministério Público e das as transações sejam desfeitas.
Eduardo Cardoso, coordenador-geral do MSTL, pontua que o governo Morando ao invés de apresentar projetos de habitação para atender as necessidades das famílias em vulnerabilidade na cidade, prefere entregar áreas da prefeitura para a iniciativa privada construir prédios e vender unidades a preços inacessíveis para a classe trabalhadora. Ele destaca ainda que a própria revisão do Plano Diretor de Morando prevê a permissão do uso comercial para o setor de logística de áreas no pós-balsa, que é uma região de proteção ambiental permanente.
“Esse projeto de exploração da área do pós-balsa é um crime ambiental e fere os direitos humanos. Ele vai afetar diretamente pescadores, ribeirinhas, e ameaçará as terras indigenas e a agricultura familiar. Temos visto o que a interferência humana na natureza tem gerado de desastres ambientais e não vamos permitir uma atrocidade dessa na nossa cidade”, ressaltou Eduardo.
Faltando apenas seis meses para o final de seu mandato, os ataques de Morando para concretizar seu projeto privatista e higienista na cidade não param na entrega de terrenos públicos para a iniciativa privada e nem na permissão do uso comercial de logística na região do pós-balsa. Nas áreas aonde têm infraestrutura com transporte público e, futuramente por onde passará o BRT e o Metrô, Orlando Morando apresentou a sua equipe um projeto de expulsar o povo pobre dessas regiões, com a exigência de metragem mínima de 61m2 nas unidades habitacionais.